A ansiedade, por definição é a sensação que as pessoas experimentam quando se sentem ameaçadas ou quando enfrentam situações difíceis ou “stressantes”, como é o caso da situação mundial atual, gerada pela Pandemia COVID-19. Há quem refira alterações intestinais como diarreia, náuseas e sensação de boca seca, ou uma tensão muscular associada a contraturas que desencadeiam dor, em várias partes do corpo, inclusive a cabeça. Em certos casos podem manifestar-se como irritabilidade constante, impaciência e dificuldades no sono.
Existem alguns conselhos que poderão ajudar a prevenir ou a reduzir os períodos de ansiedade:
1) Procure conhecer as situações que o preocupam e estão no cerne da sua ansiedade e verifique se poderá de alguma forma torná-las menos importantes nesta fase, afastando-se e abstraindo-se delas. Como já vem sendo dito por vários especialistas, apesar de ser importante manter-se atualizado e informado regularmente, não é aconselhável estar mais de 1/3 do seu dia de volta do noticiário.
2) O mundo precisa de nós mas, para ajudar e contribuir, tem de pensar em si e estar bem consigo mesmo, procure cuidar de si, dedicar tempo a si e aos seus - com o devido respeito pelas medidas implementadas pela DGS. Se não for possível haver um contacto, mesmo que virtual, com aqueles que lhe são próximos diariamente, procure organizar sessões semanais. Não guarde tudo para si, fale com um amigo ou outra pessoa próxima em quem confie, muitas vezes apenas o conversar sobre a sua preocupação com alguém fá-lo-á encontrar soluções e diminuir essa sensação de inquietude.
3) Respeite os seus horários. Respeite as suas horas de sono e, se vem sendo uma dificuldade, evite o consumo de álcool, café ou chá que possam interferir com o mesmo. Faça exercício de forma regular, não tem de correr 5km ou ter um “personal trainer”, basta fazer uma atividade que promova o seu movimento, no qual intervenham vários músculos do seu corpo e, acima de tudo, que goste. Há várias opções como dançar, encestar bolas de basquetebol caminhar, entre outras… Faça-o por si e com gosto, verá que assim não se torna um hábito difícil.
4) Se se encontra em teletrabalho, não se esqueça de fazer períodos de descanso, não fique muitas horas sentado nem na mesma posição, vá se adaptando ao longo do dia e não se esqueça de se hidratar. Faça horários e procure ter algum tempo de lazer todos os dias.
5) Se já não se encontra no ativo, mas ainda se sente capaz de colaborar, procure atividades da sua junta de freguesia como voluntário. Ocupa o seu tempo e a sua mente, e todos agradecemos.
6) Se tiver tempo livre para tal, aprenda a fazer coisas novas, necessitam de uma maior concentração por ser uma novidade e consequentemente aumentam o seu poder de abstração daquilo que o estiver a preocupar e que não tem resolução nesta fase. Como por exemplo: bordar, trabalhar com madeira, tecer, tocar um instrumento ou aprender uma língua.
7) Para algumas pessoas estratégias de relaxamento, como a técnica da respiração profunda ou como a técnica da imaginação guiada (em que poderá imaginar algum sítio que goste e que o tranquilize), têm demonstrado sucesso e poderá ser uma opção para si também. Por outro lado, o Mindfulness, a meditação e o yoga aumentam a capacidade de autocontrolo e autoconhecimento, que o ajudam a identificar e controlar picos de ansiedade.
Se vir que estes sintomas começam a ser muito frequentes, com duração e intensidades cada vez maiores, e que isso afeta as suas atividades diárias e a relações com os outros, não se automedique, consulte o seu Médico ou procure orientação de um Psicólogo.
Não se esqueça de seguir estes pequenos conselhos, poderão fazer toda a diferença para que consiga ver com outros olhos o seu futuro. Previna naquilo que pode, para viver mais e melhor!
Adaptado do Guia Prático de Saúde da APMCG e da semFYC e das recomendações da DGS
Por Margarida Barros Henriques
Médica Interna de Medicina Geral e Familiar da USF Feijó