No dia 2 de outubro foi apresentado no Auditório Galeria- António Júlio, no Laranjeiro, o livro "Cadeia de Caxias, a repressão fascista e a luta pela liberdade" .
Na apresentação do livro esteve o Presidente da Junta de Freguesia, Luís Palma, e o Presidente da Assembleia de Freguesia, António Ramos.
Na sua intervenção de boas vindas, o Presidente Luís Palma destacou este momento, não só porque se enquadra nas comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril, como nos princípios orientadores desta autarquia na afirmação dos valores de liberdade e democracia, da participação, conhecimento e divulgação da história que nos trouxe até aqui, na qual os resistentes antifascistas tiveram um papel fundamental na luta pela Liberdade.
A apresentação do livro esteve a cargo de Joaquim Judas, médico e antigo preso político em Caxias, membro do Conselho Nacional da URAP, que partilhou com os presentes o conteúdo do livro ao longo dos vários capítulos, desde a evolução das infraestruturas da fortaleza para a tornar uma cadeia de alta segurança, às fugas realizadas, que desesperaram a ditadura e deram grande ânimo à luta do povo.
Referiu igualmente a violência do regime de Salazar e o período de Marcelo Caetano, que não correspondeu a propalada "primavera marcelista", mas antes o aprofundamento da repressão que durou até às vésperas do 25 de Abril; aos julgamentos; à falta de adequada assistência médica aos presos políticos; ao controlo das visitas; aos acontecimentos no interior da cadeia desde que se soube ter havido um golpe militar até à libertação de "todos" os presos políticos em 27 de Abril.
Carlos Mateus, do Conselho Directivo e do Núcleo de Almada da URAP, após saudar os participantes e agradecer ao Presidente da Junta de Freguesia a disponibilidade das instalações e a sua presença, afirmando que foi através do Projecto Alfredo Caldeira, do trabalho de investigação nos arquivos da PIDE e de outras fontes, desenvolvido pela URAP na Torre do Tombo, que foi possível a edição de livros sobre as várias cadeias e lugares de resistência, dando a conhecer os nomes dos milhares de homens e mulheres presos pela ditadura fascista e as muitas lutas travadas ao longo dos 48 do fascismo.
O orador falou ainda de uma outra linha de trabalho da URAP, que passa pelo contacto anual com milhares de alunos e centenas de professores em escolas de todo o país, dando a conhecer a realidade portuguesa durante a ditadura, a conquista da liberdade com o 25 de Abril e as conquistas da Revolução, que importa defender e aprofundar.
Mário Araújo, do Conselho Nacional da URAP, e Gilberto Silva, antigos presos políticos, deram testemunhos das suas experiências pessoais, nomeadamente destacando a violência do sistema prisional, os castigos permanentes, o isolamento, mas também a grande solidariedade existente entre os presos políticos, a aquisição de conhecimentos e a politização que o convívio com os presos ideologicamente melhor preparados proporcionava, os mecanismos de informação clandestina entre os presos.
No final, o Presidente Luís Palma em nome do Executivo ofereceu ao orador, Joaquim Judas e à URAP, uma serigrafia de autoria de Elsa de Sousa inspirada nos 50 anos do 25 de Abril.
